31 de mai. de 2010

Minha primeira entrevista

Esta é uma transcrição do artigo publicado no jornal The Undercurrent, datado 30 de maio de 1969.

"Estranhei quando recebi um telefonema em casa a finais de uma noite de segunda-feira. Sou de uma cidade pequena onde todos se conhecem e ante qualquer evento importante já sabemos pelos gritos dos vizinhos contando um ao outro... Poucas pessoas sabem meu telefone e elas nunca me chamam. A voz do outro lado tinha um sotaque inglês e falava as pressas. Se anunciou como Paul McCartney. Logo respondi: Olha, não sei como o senhor conseguiu esse telefone mas com esse sotaque fajuto você devia ter tentado outra personagem!
- Oh não, jovem amigo! Sou Paul McCartney mesmo e você é Peter Garrison, o repórter do jornal escolar que publicou a matéria com o título de Os Beatles são Eternos, não?
- Sim mas... Como...? Isso não é um trote?
- Não, meu caro, e te convido a entrevistar a nós quatro amanhã a noite em Nova York no Hotel Plaza.
- Mas Nova York!! como vou a...?!
Desligou na minha cara. Me encontrei parado em pé, ao lado do telefone as duas da manhã, tendo aula na escola amanhã (sim, eu tinha apenas 16 anos) e a 300 milhas de distancia da maior banda do mundo: Os Beatles.
Essa noite dormi muito pouco ou nada. Encarei o teto do meu quarto como se ele contivesse as respostas de todas as minhas perguntas e ansiedades. Ir a Nova York amanhã? Isso implicaria faltar a aula! Conto aos meus pais??? Não! Não me deixariam ir! Me preparei mentalmente para a manhã: tomar banho, tomar o café da manhã sem dar índices de algo estranho, sair e ir correndo a estação de trem e comprar uma passagem a Nova York! E assim eu fiz. Tirei todo o meu dinheiro guardado debaixo do colchão e fui a estação, bem vestido e com um caderno e caneta a disposição. 
Aproveitando o tempo de viagem, formulei e escrevi minhas perguntas. Minha entrevista com Os Beatles:
Peter (Eu): - É uma grande honra estar aqui com vocês, Paul, John, George e Ringo. Grande, gigante honra. Não sei muito bem como funciona isso... É a primeira entrevista que faço.
John: - Apenas pergunte o que queira saber, rapaz.
Peter: - Me desculpem... Bom... Minha primeira pergunta é... É de conhecimento público que vocês estão trabalhando em um album novo...
George: - Respondemos esses tipos de perguntas ontem... Paul, você disse que ia ser diferente, mas que infernos?
Paul: - É, talvez eu me enganei... Olha, garoto, faça-nos perguntas de verdade!
Ringo: - É! Não essas coisas cansadas que todos já sabem!
Peter: - Ehm... Desculpem... Não sei o que voces querem dizer com isso...
George: - Olha, eu li o seu artigo sobre nós e eu o achei muito bom de verdade. Não sei como Paul o conseguiu...
Paul: - Foi a Natal...
George: - Não me importa... Mas... Seu artigo... Enfim... Nos emocionou muito.
Peter: - Bom... Eu não sei o que dizer... Obrigado?
Ringo: - O que você quer realmente saber de nós, garoto?
George: - Você é o primeiro a ter essa exclusiva...
Paul: - Vamos, garoto, o que você quer saber?
Fiquei branco. Nenhuma pergunta me veio a cabeça e um silêncio estarrecedor tomou conta do quarto de hotel de Paul...
John: - Que besteira, vou sair.
Guardei silêncio enquanto vi John Lennon sair do quarto.
Paul: - Não ligue... Vamos, o que você quer saber?
Os três Beatles me olhavam esperançosos... E não me veio nada a cabeça. Mas de repente olhei a fundo nos olhos de cada um e algo me comoveu. Estavam tristes. Faltava algo no olhar deles... Respirei fundo e tomei coragem...
Peter: - Tem algo que vocês... queiram perguntar a mim?.. 
Paul: - Não, voce é o entrevistador aqui...
Peter: - Pois me sinto como o entrevistado.
George: - Bem... Que bolas, menino!
Ringo: - Gostei! Pois eu tenho uma pergunta!.. Você gostou do último album?
Estranhei a pergunta mas arrisquei:
Peter: - Honestamente, da pista 1 a 6, sim. O resto, não.
Paul: - Porque? Os nossos fãs de verdade adoraram o disco!
Peter: - ...É porque eles comem o que vocês derem, não o que eles querem.
George: - Ora essa... Agora ficou interessante!
Ringo: - Muito bem... Viu, Paul.
Paul: - O que você acha dos nossos discos anteriores?
Peter: - Amo todos de coração. Muitas músicas me ajudaram em épocas difíceis da minha vida... O trabalho de vocês realmente significa muito pra mim.
Paul: - Sério? Como qual?
Peter: - Como em And Your Bird Can Sing... É uma música-amiga pra mim! Me abriu os olhos para quem sou e me ajudou a sair de uma péssima relação... Graças a essa música, pude ver a verdade. Sentir ela.
Ringo: - Hmm... Interessante! E que mais??
George: - É... Que mais?
Peter: - Help! In My Life, Here There and Everywhere... São amigas de verdade... Escuto e sinto amor. Sinto um abraço amigo. Sinto vida fluir dentro de mim... Imagino que vocês a compõem assim... Só pode ser.
Ringo: - É.. é...
Paul: - Bem... Claro que não é intencional... Não expresso um abraço nem nada quando componho mas... Sim, pode ser.
George: - Garoto... Bom... Não sei o que dizer... Acho que Obrigado é a melhor coisa a dizer.
Peter: - Mas... Porque?
George, Paul e Ringo se entreolharam...
Paul: - Sei que isso é uma entrevista jornalística... Ou algo do tipo né... Mas vamos contar algo que você deve guardar para si mesmo.
Peter: - O quê?
Paul ia dizer algo mas George o interrompeu.
George: - Nada, Paul...
Paul: - É... Melhor não... Deixe ser.
Ringo: - Isso... Deixe ser.
Paul: - Peter, foi um prazer te conhecer e esclarecer certas dúvidas... Seu artigo foi chave para o que está por vir.
Peter: - Não entendo...
George: - Logo vai entender, fique calmo...
Como um corte cinematográfico, a porta se fechou atrás de mim e me encontrei parado em um dos corredores de luxo do famoso Plaza Hotel... Sem entender nada do que passou, o apito tocou e a cidade me recebeu com suas sombras, prontas para me devorar...
Ao descer, vislumbrava os arranha-céus e tropecei em uma escada... Dei de cara com uma banca de jornais e com uma manchete que dizia: Após uma longa turnê, Os Beatles se foram!"

23 de mai. de 2010

vitae

Ah se as pessoas
se dedicassem
um pouco mais
ao seus espíritos
ao invés
de seus currículos

hahahahahahaha

22 de mai. de 2010

A e o silencio


começou
com uma palavra
que começava com A
o A que era apenas letra, então
palavra que expressava toda a Criação
o A que sai da boca de todas as mulheres ao
alcançarem em êxtase todos os prazeres do amor
o A, que transforma dor em prazer, mulher em mãe
o A que libera o homem santo, ao experienciar Deus
 o mesmo que o homem comum ao gozar de prazer
o A que grita aquele que perdeu um ente amado
o A que é dor, é vida, é morte e é amor
o A quando pronunciado, diz Tudo
é a primeira e última palavra
tudo está impresso no A
 o fim, está no A
terminou

18 de mai. de 2010

Eu rejeito.

Eu rejeito o cristianismo
Eu rejeito o judaismo
Eu rejeito o hinduismo
Eu rejeito o islamismo
Eu rejeito o taoismo
Eu rejeito o budismo
Eu rejeito todas as religioes
Que nao sao a minha.

Eu rejeito a psicologia
Eu rejeito a arte
Eu rejeito a meditaçao
Eu rejeito a revoluçao
Eu rejeito a ciencia
Eu rejeito a sociedade
Eu rejeito todas as instituiçoes
Que me diz como sou
e o que devo fazer.

Eu rejeito tudo
que faça esse Eu
mais duro.

Eu rejeito tudo
que se atreve a
dizer como amar.

Eu rejeito
para poder aceitar.

Eu rejeito
para ser verdadeiro.

Rejeito Eu
para ser eu mesmo.

14 de mai. de 2010

El Desconocido



Depois de quase 3 anos, esse pequeno curta ganhou nova vida pra mim.
Eu o dedico aos que tem medo do inconsciente.

11 de mai. de 2010

João e Alergia

João era um jovem honesto e sincero
porque era alérgico a mentira.
Se alguém mentisse perto dele
ou estivesse vivendo uma mentira, ele espirrava.
Um dia conheceu uma jovem garota chamada Marta
também sincera e honesta como João.
Eles eram felizes e verdadeiros um com o outro.
Em um belo dia de inverno, Marta chegou
e de repente, João começou a espirrar.
João não queria acreditar no que acontecia: - Marta mente!
Começou a fazer perguntas a meio de tantos espirros:
- Conta a verdade! Atchim!! Fala! Vai! ATCHIM!!!
Marta dizia, perplexa, que não havia mentido e
nem tinha cometido algo feio.
João com toda sua ira lhe deu um tapa na cara!
Marta, com o coração partido e a bochecha vermelha,
foi embora e nunca mais voltou...
Mas João continuou a espirrar mesmo assim.
Até o dia em que seu resfriado passou...

10 de mai. de 2010

Imagens

Quem era você, doce amigo
que me ensinou novamente
o que é uma imagem.
Quem era você, doce amigo
a não ser eu mesmo?
Me ensinei outra vez
a imagem impossível de se ver.

Kamas

primeira morte

Quando o homem alcançar a imortalidade
Durará menos que uma vida
Para reinventar a morte.