13 de ago. de 2010

lux

É noite. Parece que lobos uivam. O povo se desespera em terror. Homens fortes e corajosos buscam meios de se encontrar entre as tocas, e organizar a defesa contra essa matilha que já se anunciava há noites.

Mas estou calmo.
Sei que é o vento.

Por saber disso e nao agir como os outros, me acusaram e me expulsaram de minha própria casa. Outro veio e assumiu o papel de Pai e Marido, de minha mulher e filha. Que injustas nossas regras! Quão descartável somos! Essa raiva, anos atrás causaria nada mais que problemas.

Mas ali, ela me iluminou:
Não sou um papel.

Calmo e, para a surpresa de todos, fui embora sem rancor e desejo de vingança. Resignado e com uma certa felicidade em meu interior, procurei um lugar novo para viver. Encontrei uma montanha rochosa e com diversas cavernas. Subi ela e entrei em uma delas. A escuridao me deu medo e nao me atrevi em ir adiante. Aqui na boca é melhor. Tenho a luz do dia de um lado, e uma densa escuridao inexplorada de outro.

A noite me ensinou
a não me aventurar
sem a presença da Lua.

Anos se passaram e de repente já nao conseguia me mover tao facilmente. Uma chuva muito forte há muito havia destruído o meu velho povoado, e penso que sou o único que sobreviveu. Um dia estava a caçar na  floresta e de repente se fez noite. A Lua estava lá mas as nuvens bloqueavam a sua ajuda... Tanto que uma escuridao violenta tomou conta dos céus e largou fortes aguas em cima de mim. Raios amarelos iluminavam a noite como nunca havia visto! De repente um deles cai em minha frente e atinge uma árvore! Ela brilhava. Era a coisa mais linda que já havia visto. Essa era a minha mulher! Essa era a minha casa!

Sua luz me chamou.
Abracei-a e me uni a ela.

Por um instante,
parecia a escuridao da caverna,
me chamando para suas profundezas.
Agora eu sentia
que poderia me adentrar nela.

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